sábado, 12 de fevereiro de 2011

OS SEBOS

Livros são muito caros, deveriam não ser, carecia encontrar maneiras de barateá-los torna-los inteligíveis parafraseando Monteiro Lobato um pais se faz com homens e livros , estamos mal de leitores, a desproporção entre homens, e homens que lêem é imensurável de que maneira estamos edificando nosso país?.Estou me reportando ao país onde é prioritário comer, não se alimentar e nos temos muitas carências:

Você tem fome de que?....Agente não quer só comida, agente quer comida diversão e arte... a gente quer comer e fazer amor...a gente quer prazer pra aliviar a dor...”

Depois de algumas tentativas infrutíferas de comprar livros, desisti estavam além do meu poder aquisitivo, então descobri os sebos, me entusiasmei por eles.O ambiente dos sebos nos remete á antiquários, em principio o cheiro nos parece estranho, a disposição dos livros nas prateleiras parecem desalinhados, impressionante como os vendedores os localizam com facilidade, tal a intimidade com eles.Depois da primeira visita, nos tornamos assíduos, o cheiro torna-se familiar, como se conhecêssemos todas as pessoas que folhearam aquelas páginas ,diferente dos livros novos ,impessoais.Algumas vezes tento imaginar,quais pessoas leram o livro que esta em minhas mãos ,traço perfis, imagino figuras humanas.Os freqüentadores de sebos normalmente são adultos , explica-se ,a grande maioria dos jovens são mais consumistas e afeitos á modismos ,os best selers são os preferidos.O freqüentador de sebos ,normalmente é homem,com mais de 40 anos,aparentemente dispenso,ficam folheando os livros ,como a procura da descoberta ,de coisas raras, com a tentativa de torná-las reais, assim os vejo. Existem lojas que locam livros, mas levar para casa, um seu, sem ter dia e hora para devolver, sorver lentamente cada palavra e frase do mundo enlevado, da leitura, por um valor simbólico é gratificante, depois é doar ou trocar nos sebos por outros não lidos, para que este ciclo não se torne descontínuo e possamos nos alimentar de musica, teatros ,cinema ou danças.que estão imersos neste universo singular que os livro nos remete.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

vida

Tínhamos uma vida simples, mas, na minha visão romântica, feliz . Éramos a típica família classe média brasileira. Morávamos em um sítio com muitas árvore frutíferas, piscina, play graund para as crianças, bonitas e saudáveis .Para concluir este quadro quase que perfeito ainda existiam vacas, suínos, galinhas, ovelhas e cabras, sonho rural de casais veterinários. Tínhamos livros e vinis quase que parodiando o compositor na sua música”casa no campo” onde curtíamos nossos amigos, nossos discos e nada mais .Vivenciando este sonho que era só meu, existia um casal jovem, Que não viveu feliz, até que a morte os separassem..

sábado, 29 de janeiro de 2011

BETO BETOS

Hoje eu me lembro dele como um fluido,modelando-se ,transformando-se, em quadros,em forma de esculturas,vestindo-se de chita dançando fazendo arte,gargalhando,ouvindo música me apresentando cantoras ,como Cesaria Évora. Ouço chamar-me de minha marida, e dizer que no dia que se transformar-se em boto me comeria .Era assim o Beto que conheci bonito,sedutor brincalhão e.em uma madrugada ,no final do ano de 2006,eu o perdi,nos o perdemos.O telefone tocou e abruptamente ouvi:mataram o BETO, fiquei estarrecida, emudeci só não chorei,mão sei chorar,mas queria que toda a cidade chorasse ,desejei ter carpideiras por perto para chorarem por mim ,queria que o mundo emudece,silenciasse pela perda ,pela violência cometida.Quantos sonhos interrompidos,quanta brutalidade,não assassinaram mais um homem, mataram um artista ,retiraram do nosso convívio mais um sonhador.Eu conhecia,seus hábitos ,seu humor, as vezes chegava na `minha casa almoçava calado, deitava, e dormia eu já sabia que ele estava mal,estava deprimido sofria do mal do século, a depressão ,eu respeitava seu silencio,depois ele acordava ria brincava imitava pessoas ,voltava ser alegre.Nossa relação era de amizade,não poderia ser diferente, seria incesto .Como ficarão suas guris da casa da esperança sem seus murais,e os do colégio sem suas artes,onde você inaugurou,sua casa de taipa ,que outros amigos encontrou por lá,com certeza muitos,novos e velhos conhecidos, tinha uma facilidade enorme de comunicar.quantos Betos existiam em você,o Beto menino moleque brincalhão,o feminino sensível ,o homem sem trejeitos sem guetos, o espiritualista orando nam-myoho-rengue-kyo,o artista.Quantos Betos existiram do lado de lá.......

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O HOMEM DE (DA) LUZ

Quando decidi escrever minha historia, a idéia é que ela se passaria a partir da data da minha separação. A discrição foi mantida, embora parecendo estranho, falarei sobre meu avô, e o que ele representou para minha vida, pela genética e por seus valores. O ambiente em que vivi difere em muito do que ele viveu espacial, temporal e economicamente, além da questão de gênero. Mas o patrimônio genético que ele me deixou é impagável duas dádivas, duas referências de conduta, a utopia e a justiça. Era uma vez um homem filho de família política e rica em Baturite que não aceitava os arcaicos lampiões de gás que adornavam as ruas, embora belos e românticos, a luz elétrica significa o progresso e bem estar dos cidadãos. Representava músicas, para as moças casadoiras que poderiam tocar piano ate mais tarde, para suas famílias e seus amados, os moços românticos poderiam fazer serenatas em noites sem luar. Concebia em primeiro plano o desenvolvimento para a bela cidade serrana. Concluída esta etapa ele saiu como mambembe, instalando energia elétrica (luz) em outros municípios, Itapipoca, Tururu, saiu acompanhado o sonho. É admissível ser poético e visionário. Foi este homem bondoso e sensível que me fez ver que é possível admirar os homens. Incapaz de magoar. Quando criança lhe pedia muitos presentes e muito caros, com sabedoria me dizia que a fabrica estava fazendo,quando concluísse me traria, eu ficava feliz com as pequenas e simbólicas lembranças. Como não acreditar naquele que não dizia mentiras, apenas adiava a entrega dos presentes, como era de se esperar do agora pobre e bem-aventurado vovô Horacio.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O quadro (o mangue)

Um mangue representa a vida como unidade,simbioses, parasitismos ,comensalismos,organismos unicelulares,pluricelulares,animais,vegetais, minerais, luz em suas inúmeras freqüências ,improvisando profusões de cores.Foi esta a idéia de pintar meu primeiro e único quadro.Não digo que seja o último.Mas ,citarei a experiência do primogênito. Aconteceu nas belas falésias de canoa quebrada, na casinha de pescador onde eu morava e próximo do local onde eu trabalhava.Meu professor tinha que ser ele,só poderia ser ele,uma figura insólita,refinada em alguns momentos ,debochada em outras.Nossas aulas eram festas,sempre com amigos ao redor.Nos momentos de refinamentos do professor, ele ouvia ária de óperas e tomava vinho,em outros,não tinha preferência musical,nem alcoólica.Meu mangue alem do óbvio, tem um barquinho e pegadas,não sei de quem,de onde vem nem para onde vão ,gostaria que fossem minhas,teria encontrado o meu lugar pálida um pouca cansada, contrastando com o vermelho intenso de algumas espécies de caranguejo,com a brancura das garças ,o verde escuro da vegetação ,o cheiro forte das águas as vezes límpidas ,as vezes toldadas como a instabilidade dos sentimentos, e carregam a vida e morte para um mar sem fim.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

outros prazeres

Outros prazeres

Não sei dizer se me contento com prazeres pequenos,se gosto de amadorismo,se sou múltipla ou se sou parca,mas fazer coisas distintas me estimula, construções me excitam as mudanças que as edificações sofrem quando interferimos,são como cirurgias plásticas bem sucedidas.Adoro derrubar paredes retira-las e às vezes ergue-las, as edificações mudam de feições rejuvenescem.O simples fato de pintar com cores novas as divisórias construir tapumes trocar pisos ou forros, transformam os ambientes e quem neles habitam.Gosto mais de reformar que construir,na construção, temos uma planta ,que seguimos e se não houver erros sairá exatamente como o planejado.Nas reformas há surpresas muitas ,cada mureta que tomba surge um espaço inusitado, ,inesperado.Não sei quantas vezes já reformei, minha casa e a dos outros,esclareço que não cobro mesmo porque não sou arquiteta ,engenheira ou paisagista ,ate agradeço quando me convidam, é um presente fazer o que gostamos. Não sou compulsiva, não saio derrubando muros por ai, amadureço a idéia, namoro a construção, antevejo o conjunto, áreas, varandas jardins, realizo intervenção com madeira, com luzes, tudo para suavizar, á construção misturo Niemeyer a Burle Marx preensão minha, Niemeyer é extraordinário Burle Marx era visionário, plantou mais de 3.500 espécimes tropicais e semi-tropicais, em 360.000 quadrados em seu sitio, desde 1985 patrimônio cultural brasileiro, mas minhas interferências tijolos e terra não bastam é necessário, conhecer o amago do proprietário,misturar alma e cal a esta argamassa.para se criar um lugar mesmo simples agradável para habitar relaxar, viver